Centro Acadêmico de Enfermagem da Faculdade de Juazeiro do Norte - CAENF

A segunda gestão (2012.2/2013.2) do Centro de Enfermagem da Faculdade de Juazeiro do Norte (CAENF-FJN), entidade representativa dos estudantes do curso de graduação de Enfermagem, visa a transparência e a garantia de liberdade e pluralidade de idéias, assegurando a total legitimidade e representatividade dos acadêmicos em prol de interesses comuns ao corpo discente, docente, técnico-administrativo da FJN e a comunidade em geral.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


O que gerenciamento incompetente, corrupção e o caos da saúde têm em comum? São retratos do Brasil.

 A cara do Brasil de hoje é a do doente estendido na maca, esquecido no corredor. Não é esta uma das imagens que mais vemos, nos jornais e na Tv? A dos doentes abandonados, em cantos de hospitais? Revoltosos pela falta de atendimento médico ou indignados pela lentidão do sistema? Pois esta é a cara do Brasil.
Esta é a cara. Indague-se agora: e o que há por trás da cara? A reposta é: um problema de falta de pontaria. Por trás dessa triste cara do Brasil, país do bom basquete, onde brilharam Janeth dos Santos e Oscar Schmid, repousa um problema de falta de pontaria.
É o que veremos, mas antes tenha-se em mente que coisa devastadora podem ser as imagens que definem certos momentos de certos países. Pense-se na África. Imagem: crianças subnutridas. Pense-se no Haiti, do terremoto. Imagem: prédios virando pó... cadáveres sob escombros. Pense-se no Japão do tsunami. Imagem: lares totalmente arruinados e vidas arrasadas. Pois a imagem do Brasil de hoje é a do doente escanteado e desassistido.
Chegamos a um ponto, e isso é o que se quer enfatizar aqui, em que a desculpa da falta de verbas tem cheiro de história mal contada. Mais importante é a questão já enunciada, e que agora passaremos a detalhar: a falta de pontaria.
O que existe é uma dramática falta de pontaria por parte das verbas públicas. Sabe-se muito bem de onde elas saem, ou seja, dos cofres públicos, e em última análise do bolso do contribuinte. Mas nunca se sabe ao certo qual o ponto final da viagem. Teimosamente, elas insistem em não cair na caçapa a que se destinavam.
Volte-se ao caso dos hospitais. Tudo bem? Mas o que acontece realmente? Simples: a verba começa uma louca viagem, e pode acabar no bolso de um traficante que alega fazer, com uma equipe de sete médicos, quinhentos partos por dia. Quer dizer: deu-se o problema da falta de pontaria. Sair a verba saiu. Mas errou o alvo e caiu no bolso errado.
Mais do que falta de recursos, o que se tem hoje no país é um escabroso desrespeito pelo dinheiro e o bem público. Em consequência, os serviços públicos sofrem efeitos tão arrasadores como o terremoto no Haiti, o tsunami do Japão ou a subnutrição na África. E o Brasil fica com a sina de ter no doente esquecido no corredor ou desassistido uma imagem mais fiel, para defini-lo, do que a cachaça, o futebol e o samba.
Não se pode negar que as sociedades em sua absoluta maioria, padecem dos males da falta de planejamento, da incompetência gerencial e da carência de serviços básicos aliado à dificuldade de acesso da população aos escassos serviços, que em busca de atenção, vivem em forma de itinerário, de um lado para outro, pois convive-se com o descumprimento de pactuações entre os gestores e uma indefinição de responsabilidades.
Diante do empurra-empurra, o cidadão fica no meio, sem saber ao certo a quem deve recorrer para garantir o seu direito. Com isso, sem informação e necessitado de assistência, o cidadão estabelece relação direta com o hospital, reforçando ainda mais a lógica hospitalocêntrica, que leva à desestruturação da atenção básica enquanto modelo de estratégia e porta de entrada do usuário ao sistema. Em consequência, o principio da integralidade não se efetiva e perfaz-se a fragmentação do sistema desde a atenção básica até os serviços de média e alta complexidade, o que dificulta a visão holística do indivíduo.
Por outro lado a corrupção com o dinheiro da saúde nos acompanha desde sempre. Uma retrospectiva histórico-política da saúde revela que o financiamento e o repasse de recursos sempre foi insuficiente diante das necessidades.

O mau uso dos poucos recursos financeiros disponíveis – quando estes não vão engrossar contas bancárias – aliado a entraves políticos e burocráticos transformam, progressivamente, a saúde num caos sem solução que atinge diretamente as populações menos favorecidas.
E como no Brasil se convive com um sistema verticalizado que “alimenta” programas e sistemas de informação de serviços em saúde, os gestores nem sempre empregam os recursos da saúde de forma racional, transparente e responsável, até porque a maneira pela qual são administrados não está ao alcance e aos olhos da população e sempre encontrou-se um ‘jeitinho” de desviar os recursos destinados à saúde; além do mais, para locais sórdidos como meias e cuecas. Aonde iremos parar?
Mas a cada quatro anos, nós cidadãos, nos orgulhamos de ser brasileiros, nem que seja por um curto período que se restringe apenas às campanhas eleitorais, onde enchemos nosso peito de esperança e nos consolamos com promessas e discursos desenvolvimentistas inalcançáveis cada vez mais supérfluos, incoerentes e banais. É justamente nesse período que o cidadão fecha os olhos para o caos social, verifica-se uma tendência ao comodismo absurda e principalmente uma perda de memória inaceitável, já que a cara dos sanguessugas  e os escândalos vivenciados se tornam arquivo morto na consciência das pessoas.
Constantemente, ouvimos a seguinte frase, nas manchetes de revistas e jornais: Governantes prometem transformar o país! Não é raro se ouvir afirmações como esta! Mas será que os atuais governantes estão aptos a fazer o que propõem? Será que são capazes de dar uma esperança mínima à população de se viver num pais melhor? Até que ponto a honestidade só será usada como palavra e até quando se viverá com a incerteza do amanhã? Nós cidadãos não podemos depender de “políticas de governo de pão e circo” nem tampouco da benevolência dos gestores ou políticos.
Vale ressaltar que as CPIs não são a solução, nem trarão de volta os recursos desviados da receita da saúde ou, ao menos, resolver os problemas de saúde enfrentados pela população. Não há como negar que a corrupção é, sem dúvida, um dos grandes problemas atuais, e que o cidadão simples e trabalhador é o que mais sofre com seus efeitos e consequências.
Desviar o dinheiro público não significa apenas retardar o progresso de um país, mas assaltar o cidadão que paga impostos e roubar a esperança de que seus filhos vivam num futuro diferente da realidade em que vivem hoje.
É fato. Não são apenas bandidos e traficantes que insistem em manchar a dignidade do país. A frente de uma máfia de interesses comuns, a corja de saqueadores quando rouba o dinheiro que, por exemplo, seria destinado a hospitais, mata não se sabe quem ou quantos. O assassino de sangue frio e calculista, pelo menos, escolhe suas vítimas, olha nos seus olhos. O político corrupto além de assassino é, antes de tudo, covarde. E, ainda assim, não é culpado!?. A lei acoberta-os. E aqui cabe a pergunta: essa lei é a mesma que nos ampara enquanto cidadãos? Ficha limpa não passa de marketing. De paletó e gravata, as hienas descansam eternamente em berço esplêndido, num local onde justiça não há.
Três anos depois. . . no presídio aquele assassino, cumpre pena junto com tantos outros que se quer foram julgados e condenados. A "justiça" dos homens tarda, falha e custa caro. O político corrupto, por sua vez, em meio a acusações de fraudes e desvios solicita habeas-corpus preventivo, sem ao menos estar preso, algum tempo depois foi reeleito com maioria absoluta dos votos do seu estado/município e, assim, caminha para o seu segundo mandato de “representação do povo”.
No telejornal das seis, Maria do Carmo, doméstica e semi-analfabeta, uma das que o ajudou a se reeleger assiste ao julgamento do assassino indignada com a pena, que segundo ela, foi pequena diante da brutalidade do crime.
Não precisamos de um salvador da pátria! Há quem reclame e ache que não há solução. Assim como há quem conteste e lute pelos seus direitos. Não se pode esquecer que cada cidadão da mesma forma que tem o direito de eleger, tem o direito de cobrar dos governantes àquilo que se propuseram.
Em suma, os maiores culpados não são os bandidos, os corruptos, são os cidadãos como nós que silenciam em meio aos caos, e como a Maria, que “passa a mão na cabeça” dos malandros e ainda no seu discurso, culpa o governo e tão somente, pela falta de remédio no posto. Há quem afirme, categoricamente, que cada povo tem o governo que merece, pois assim o fez.

Versão Expandida e Adaptada
Escrito por: Jameson Moreira Belém.
(Enfermagem - 6º Semestre)

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